Cinzas da Fé - Prelúdio parte 1 de 6

Breve Editorial: Cinzas da Fé um conto fictício para funcionar como Background do Dark Commune para nossa campanha de Killteam, Ashes of Faith.   


Carceroth Prime


Nas profundezas opressivas de Carceroth Prime, onde os céus se perdiam entre as torres imponentes da colmeia, eu, Babalon me olhava pelo reflexo de um caco de vidro que pendurei na parede. Estava velha, apesar das poucas décadas de vida minha pele já enrugava e meus cabelos estava esbranquiçados. Sem uma gota de recaf para me animar, cedo eu iniciava minhas jornadas diárias na penumbra dos corredores estreitos que compunham minha vida. A névoa constante de poluição pairava no ar, uma cortina tóxica que velava cada passo naquela cidade entrelaçada por torres de aço e chaminés infindáveis.

Meu lar era um cubículo espartano no 407º nível, onde sombras dançavam nas paredes sujas e as vibrações constantes da indústria ecoavam pelos corredores estreitos. Cada dia se desdobrava como uma repetição monótona, com o tilintar das engrenagens e o zumbido constante das máquinas, criando uma trilha sonora infernal para minha existência.

Eu, uma serva na casa de um administrador do administratum, me curvava perante os caprichos do meu senhor. A servidão tornara-se uma rotina tediosa, marcada por horas intermináveis e tarefas insensatas. Contudo, meu filho Alexander era meu refúgio, um raio de luz em meio às sombras daquele mundo. Suas risadas ecoavam nas raras ocasiões em que eu conseguia compartilhar preciosos momentos com ele.

Minhas mãos, ásperas de trabalho árduo, eram minha única ferramenta para assegurar a sobrevivência de ambos. Mesmo que aquelas mãos rachadas nunca tenham tido a chance de acariciar o rosto de Alexander como eu desejava, elas garantiam nosso sustento. Sacrificar o tempo com meu filho tornou-se uma necessidade cruel e dolorosa, mas eu acreditava que, um dia, ele entenderia que cada esforço era para o bem dele.

Foi em um dia como tantos outros, enquanto eu esfregava os pisos polidos da casa administrativa, que a notícia atingiu como uma lâmina fria perfurando meu coração. Um mensageiro austero, vestido nos trajes sombrios da Inquisição, interrompeu minha rotina sombria para entregar a mensagem funesta. Alexander, meu precioso filho, tinha sido levado pelas Naves Negras da Inquisição.

A dor que se abateu sobre mim foi como uma tempestade negra, uma fúria descontrolada que ameaçava arrancar minha sanidade. Gritos rasgaram minha garganta, ecoando pelos corredores, enquanto as lágrimas mesclavam-se com a sujeira impregnada em meu rosto. Parecia que meu peito estava prestes a explodir, uma dor insuportável que deixou meu corpo trêmulo e frágil.

A realidade de que meu único raio de luz fora arrancado de mim pela fria mão da Inquisição penetrou meu ser como um punhal afiado. Uma sensação de impotência e raiva se enraizou em minha alma, enquanto as sombras da colmeia pareciam se adensar ainda mais ao meu redor. O destino de Alexander estava agora nas mãos daqueles que eram sombras entre sombras, e eu, Babalon, me vi lançada em uma jornada sombria em busca do meu filho perdido.


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