Cinzas da Fé - Prelúdio parte 2 de 6

Enquanto o desespero me engolia como um oceano negro, o extraordinário ocorreu naquela sala poeirenta e escurecida pelo luto. Prostrada no chão frio, sem forças para seguir adiante, algo se agitou nas profundezas do meu ser. Uma conexão espectral, uma ligação que transcendia as barreiras dos sentidos, envolvendo meu coração dilacerado. Era como se o próprio tecido da realidade estivesse cedendo para permitir um último elo entre mãe e filho.

Diante dos meus olhos marejados, como uma aparição fugaz entre as sombras, vi a imagem de Alexander. Ele estava ali, na cela de uma Nave Negra, um ambiente austeramente opressivo que não condizia com a inocência de seu rosto jovem. Uma mistura de choque e alívio me envolveu enquanto eu testemunhava a visão, um raio de esperança em meio à tempestade de desespero.

Nossa comunicação transcendeu as limitações físicas, ecoando numa dimensão de sentimentos, onde palavras eram superfluas. Senti sua presença como uma brisa suave no meu coração, e suas palavras ecoaram em minha mente como uma melodia reconfortante. Ele me assegurou que estava bem, mesmo na gélida prisão da Nave Negra. Seu tom, embora jovem, carregava uma determinação inabalável. "Mãe, eu vou resistir a tudo. Eu voltarei para você."

Cada palavra dele reverberou em meu ser, penetrando as sombras do desespero e insuflando uma chama de determinação em meu coração partido. A imagem de Alexander permaneceu gravada na minha mente como uma promessa selada no éter.

Contudo, essa telepatia maternal foi interrompida abruptamente por uma presença intrusa e soturna. Um agente do Inquisidor, uma sombra que se intrometia na ligação delicada entre mãe e filho. Eles sabiam da minha existência, detectaram os resquícios dos poderes latentes que agora se manifestavam em sua plenitude. Meu status mudara de mãe desesperada para uma fugitiva, marcada por uma habilidade que a Inquisição considerava uma ameaça.

A invasão telepática do Inquisidor mergulhou minha mente num turbilhão de dor e caos. Fragmentos de pensamentos e imagens eram arrancados de mim, como se estivessem tentando desvendar os segredos que residiam nas profundezas da minha alma. Uma agonia mental que beirava o insuportável, mas a força recém-descoberta em mim resistia.

Com um lampejo de auto-preservação, recorri aos poderes que, até então, eram desconhecidos até para mim. Usando a força telepática que se manifestava, deslizei entre as fendas da percepção do Inquisidor, escapando de sua busca intrusiva. Depois disso, correr para as profundezas da colmeia tornou-se minha única rota de fuga, uma jornada pelas sombras daquele mundo claustrofóbico.

Enquanto as torres de aço e os corredores sombrios engoliam minha figura fugitiva, a memória de Alexander ressoava como um farol. Mesmo em meio à escuridão implacável da Inquisição, a esperança ainda persistia como uma chama inextinguível no meu coração de mãe.

Mapa da Colméia Carcerath Prime


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